sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Como andam seus relacionamentos?



Para além do romantismo, o sentido de uma relação amorosa é ser uma escola onde aprendemos sobre nós mesmos e sobre nossas concepções de amor e liberdade. A relação afetiva produz inevitavelmente uma série de situações que nos possibilitam conhecer e, portanto, remover possíveis obstáculos que nos impedem de amar e se relacionar de forma verdadeira com o outro.

Existem certas lições que nós só conseguimos aprender através das relações amorosas, porque elas são catalisadoras de todas as nossas feridas, de tudo aquilo que não está integrado em nós. Todo nosso passado é reeditado nesse cenário para que possamos ter a chance de integrá-lo, curando as feridas emocionais que ainda estão, de alguma forma, interferindo no nosso sistema psíquico-emocional. 

Por outro lado, embora o relacionamento amoroso seja um poderoso instrumento de autoconhecimento, ele também pode nos levar a uma espécie de sono. Nós podemos ficar presos em determinados padrões destrutivos, repetindo seus roteiros e andando em círculos, deixando de aprender e crescer.

Para que um relacionamento amoroso seja considerado saudável e maduro, para que exista amor, é preciso que ele esteja pautado na liberdade e no respeito à individualidade do outro.  Isso implica na ausência de sentimentos de poder, ciúmes e possessividade.  Jung costumava dizer que onde o poder predomina, há falta de amor, pois um é a sombra do outro.

Uma relação amorosa madura deve pressupor que o outro é uma pessoa livre, principalmente da necessidade de nos amar eternamente. Essa compreensão é a prova final de qualquer relacionamento, pois exige de nós um trabalho árduo em relação às nossas carências afetivas e emocionais mais profundas. É só dessa forma que nós conseguiremos ser de fato livres e deixar o outro livre.

Às vezes, ficamos tão cegos pelas nossas carências, que não conseguimos perceber nossa necessidade de estar só, ou não conseguimos perceber se nossas relações têm contribuído para o nosso crescimento. Mas, quando uma relação se torna eminentemente destrutiva, precisamos ter a coragem de olhar para isso de frente, encarar a verdade e o medo que sentimos de ficar sozinhos. Precisamos, acima de tudo, ser honestos com nós mesmos e com o outro.

Às vezes, também, mantemos um relacionamento para poder ter onde projetar nossos sonhos de príncipes e princesas encantadas. O outro passa a funcionar como uma tela na qual projetamos todos os nossos ideais de perfeição. Porém, quando essa pessoa quer deixar de ser essa tela, ou quando sentimos que nossas projeções não se sustentam mais, costumamos terminar a relação. Então ficamos procurando ansiosamente outras telas para poder continuar projetando nossos ideais, nossos sonhos. Outras vezes, passamos a exigir que o outro se torne um escravo dos nossos desejos, como uma prova do seu amor por nós.  Mas precisamos ter a consciência que isso não é amor. Isso é prisão, é estabelecer uma relação de poder com o outro.

Precisamos sempre nos perguntar os motivos que nos mantém em uma relação. Não devemos ter medo de sermos honestos. Se os nossos relacionamentos são baseados no amor, na liberdade, no crescimento e no aprendizado mútuos, sigamos em frente. Do contrário, tenhamos a coragem de olhar para tudo o que nos mantém presos à essas relações, dando os passos necessários para a nossa expansão e amadurecimento.


Por Melissa Samrsla Brendler
Psicóloga - CRP 07/13831
Atende em Porto Alegre/RS



Ref: BABA, Sri Prem. Seu relacionamento amoroso tem feito você crescer? Disponível em https://www.sriprembaba.org/.../seu-relacionamento-amoroso-tem-feito-voce-crescer. JUNG, Carl Gustav. Presente e Futuro. Obras Completas. Vol. X. Petrópolis: Vozes, 1999. 

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