Natalie Lennard ('Miss Aniela'), fotógrafa do
Reino Unido, criou uma série de fotografias sobre o nascimento intitulada
“A Criação do Homem” cujo propósito era mostrar com extrema fidelidade a
natureza do nascimento, e o quanto as mulheres são aptas a dar à luz, sem
interferências, como qualquer outra das 5 mil espécies de mamíferos do planeta.
Uma das imagens criadas pela artista foi o nascimento de Jesus, retratando o êxtase e o poder de Maria ao dar a Luz. Após intensa pesquisa, ela verificou que todas as imagens de arte relacionadas a este acontecimento sempre mostram os momentos do pós-parto, mas nunca o nascimento em si. Um parto que, segundo a lenda, foi realizado no estábulo, rodeado de animais, o que o aproxima de sua natureza selvagem e instintiva. Uma imagem de difícil absorção para uma sociedade de bases patriarcais que nega e reprime o feminino, ou a nossa realidade instintiva, animal, emocional.
No entanto, esse é o nascimento mais
famoso de todos os tempos. Todos os anos, mesmo sem perceber, celebramos esse
parto! Eis a história...
A natividade de Jesus recontada
No dia em que Jesus estava pronto para vir ao
mundo, Maria recebeu uma mensagem não verbal de humildade. Não verbal,
porque essa mensagem veio da própria natureza do nascimento. Encontrou-se ela
em um estábulo, entre outros mamíferos. Sem palavras, eles a ajudaram a
entender essa mensagem naquele dia: ela tinha que aceitar sua condição de
mamífero. Ela tinha que lidar com a desvantagem da sua humanidade e
desconsiderar a efervescência de seu intelecto. Ela tinha que liberar os
mesmos hormônios que os outros mamíferos parturientes, através da mesma
glândula e da mesma parte primitiva do cérebro, que todos nós temos em comum.
O ambiente foi idealmente adaptado às
circunstâncias. Maria sentiu-se segura e, por isso, seu nível de
adrenalina foi o mais baixo possível. O trabalho pôde estabelecer-se nas
melhores condições possíveis. Tendo percebido essa mensagem de humildade e
aceitando suas condições de mamífero, Maria colocou-se de quatro. Em uma
postura como essa, e na escuridão da noite, ela pôde facilmente se afastar do
mundo cotidiano.
Logo após o nascimento, o recém nascido Jesus
estava nos braços de uma mãe extática, tão instintiva como um mamífero não
humano. Ele foi recebido em uma atmosfera sagrada e não violenta. Foi
capaz, de forma fácil e gradual, de eliminar o alto nível de hormônios do
estresse que ele produziu ao nascer. O corpo de Maria estava
quente. O estábulo também estava quente, graças à presença dos outros
mamíferos. Instintivamente, Maria cobriu seu bebê com um pedaço de pano
que ela tinha na mão. Ela ficou fascinada com os olhos do seu filho e nada
poderia distraí-la do contato prolongado com ele. Olhar um para o outro
foi fundamental para a produção de oxitocina, de modo que seu útero se
contraiu novamente e devolveu uma pequena quantidade de sangue enriquecido da
placenta ao longo do cordão umbilical para o bebê; e logo depois, a
placenta foi liberada.
Mãe e bebê puderam se sentir seguros. Maria,
guiada por seu cérebro de mamífero, ficou de joelhos por um curto período de
tempo após o nascimento. Depois que a placenta foi liberada, ela se deitou
de lado com o bebê perto de seu coração. De repente, Jesus começou a virar
a cabeça de um lado para o outro, abrindo sua boca. Guiado pelo odor do cheiro,
ele se aproximou cada vez mais do mamilo, enquanto Maria, que ainda estava em
um equilíbrio hormonal muito especial, e ainda se comportando de forma muito
instintiva, soube como segurar seu bebê, fazendo o tipo de movimentos que o
ajudaram a encontrar o peito. Jesus foi iniciado por sua mãe.
Jesus passou um longo tempo sugando
vigorosamente. Com o apoio de Maria, ele conseguiu sair vitorioso de um
dos episódios mais críticos de sua vida. No espaço de alguns minutos, ele
entrou no mundo dos micróbios. Adaptado à atmosfera, separado da placenta,
começou a usar seus pulmões e respirava independentemente. Também estava
adaptado à força da gravidade e às diferenças de temperatura. Jesus é um
herói!
Não havia relógio no estábulo. Maria não
contou quanto tempo Jesus estava no peito antes de adormecer. Durante a
primeira noite após o nascimento, Maria teve apenas alguns episódios de sono
leve. Ela estava vigilante e protetora, ansiosa para satisfazer as
necessidades da mais preciosa criatura da terra.
Nos dias que se seguiram, Maria aprendeu a
reconhecer quando seu bebê queria ser embalado. Ela estava tão em sintonia
com ele que poderia perfeitamente adaptar o ritmo dos movimentos de balanço à
demanda do bebê. Ao balançar, Maria começou a cantar algumas músicas; as
palavras iam sendo adicionadas. Como milhões de outras mães, ela
redescobriu canções de ninar. Foi assim que Jesus começou a aprender sobre
o movimento e, portanto, sobre o espaço. Foi assim que ele começou a
aprender sobre o ritmo e, portanto, sobre o tempo. Ele estava gradualmente
entrando na realidade do espaço e do tempo. Quando o bebê Jesus cresceu,
Maria começou a introduzir mais e mais palavras em suas canções de ninar, e foi assim que Jesus aprendeu a língua materna.
“O nascimento de uma criança é algo tão cotidiano,
algo que estamos tão habituados a ver, que muitas vezes esquecemos a grandeza,
a magia desse ato inédito que é...
Criar uma alma.”
-
Laurent
Gounelle, psicólogo e escritor francês.
Por Melissa Samrsla Brendler
Psicóloga CRP 07/13831
Atende em Porto Alegre/RS
Para acompanhar o processo de produção da fotografia acesse:
Psicóloga CRP 07/13831
Atende em Porto Alegre/RS
Para acompanhar o processo de produção da fotografia acesse:
Fontes:
CAVALCANTI.
Raissa. O casamento do Sol com a Lua: uma visão simbólica do masculino e do
feminino. Circulo do Livro, 1987.
LENARD, Nathali. Miss Aniela. www.facebook.com/missanielaphotography/
ODENT, Michel. A
cientificação do amor. Midwifery Today, Vol. 58,
2001. Disponível em http://www.wonderfulbirth.com/Services/ViewServices.asp?Ref=2305
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