A internet está permitindo que as pessoas sejam elas
mesmas, que sejam autênticas e, por isso, está fazendo uma verdadeira
revolução. Uma revolução que está vindo de baixo, através de pessoas simples e
comuns, que estão cada vez mais ganhando visibilidade e influenciando a vida de
outras pessoas. E isso está diretamente ligada à liberdade de trabalho.
Muitos
acreditam que isso é uma ilusão ou um otimismo sem fundamento. Acreditam que o
mundo é manipulado por poderosos exploradores que só pensam em manter o status
quo, enquanto a maioria sofre sem esperança. É claro que não podemos negar
essa realidade. Existem muitas empresas, políticos, governos ou pessoas que
colocam o poder pessoal e o lucro acima de todas as coisas, em detrimento do
que é melhor para a humanidade. Nós temos problemáticas seriíssimas, de caráter
mundial, ligadas à insensibilidade humana e ambiental. Mas a esperança que
surge é o fenômeno dos nômades digitais.
O
conceito de “nômade digital” é relativamente novo. É o
movimento de pessoas que estão trabalhando online, o que pode acontecer em casa
ou através de uma nova liberdade – a oportunidade de escolher viver em qualquer
lugar, sem ter que considerar o local de trabalho. Esta é a primeira geração que de fato consegue manter um trabalho
das 9h às 6h e viajar ao redor do mundo ao mesmo tempo. E o melhor de tudo é
que muitas delas estão sinceramente querendo o bem das outras pessoas e um
mundo melhor.
Os nômades digitais estão
provando que é possível reverter a concepção tradicional de trabalho e
valorizar pessoas com idéias mais humanas e conscientes no que diz respeito à
Terra. Muitos estão compromissados com valores em relação ao trabalho que
privilegiam o bem estar pessoal e que contribuem com a melhoria do mundo, ao
invés da insana busca por lucro e poder. O maior ativo de pessoas que estão na
internet fazendo acontecer são aqueles que respeitam, sobretudo os valores
humanos de cooperação, reciprocidade, camaradagem e o bem comum.
Em relação ao charlatanismo, a
internet é um espaço livre, no qual as pessoas só vão atrás do realmente às
interessa. Quando encontram alguém que oferece conteúdo de valor e
comprometimento com uma causa, apoiam com força. Mesmo que existam os
charlatões, estes não sobrevivem por muito tempo, pois a “seleção natural” dos
usuários que querem comprometimento e resultados os fazem sair de cena. Os bem
sucedidos são aqueles que realmente fazem a diferença.
O valor fundamental dos nômades
digitais é a liberdade. Poder escolher com o que, com quem, quando e como
trabalhar. É poder trabalhar com o que dá prazer e satisfação em todos os
sentidos. Fazer o que se gosta e ainda ter tempo para a família, diversão,
esportes, espiritualidade e contato com a natureza. É poder ganhar dinheiro
cooperando e não competindo com os outros, ser um profissional com um estilo de
vida sustentável, que respeita os seres humanos e a natureza, e poder trabalhar
sem parecer que está trabalhando, porque se faz aquilo que mais se ama fazer.
Saber que essa realidade é
possível é extremamente motivante. Os nômades digitais estão mostrando para o
mundo de que é possível adotar um jeito de viver que valoriza o que cada um tem
de melhor. E pensar que, para a maioria das pessoas, trabalhar com o que se
gosta, com quem se gosta, como e quando se gosta é uma doce ilusão. Como se
isso não devesse ser a coisa mais normal do mundo. Nós conseguimos reverter
completamente as coisas: o trabalho, que é onde passamos a maior parte do tempo
de nossas vidas, é na maioria das vezes, visto como uma obrigação, como um
peso. E todos nós vivemos como se isso fosse a normalidade.
Nesse sentido, é possível fazer
uma analogia do fenômeno dos nômades digitais com a forma com a qual muitas
tribos indígenas concebem o trabalho (ou pelo menos concebiam antes do
descobrimento). Enquanto nas sociedades modernas o trabalho sempre foi
considerado uma relação de comando-obediência, em muitas tribos indígenas essa
concepção não existia. Para os índios, era impensável alguém dizer o que o
outro deveria fazer. Não havia a ideia de poder coercitivo. Por isso, quando os
europeus chegaram no Brasil, essa foi uma das grandes razões do fracasso da
tentativa de escravizar os índios. Eles preferiam a morte ao serem coagidos ao
trabalho forçado.
A correlação dos índios com os
nômades digitais vem dessa subversão ao modelo de trabalho atual e à continua
busca pela liberdade. Quem realmente está comprometido com o valor da liberdade
e da não-conformidade ao esquema vigente de trabalho, acaba realizando esta
transformação que estamos testemunhando. Os nômades digitais têm incentivado a
total liberdade para a criatividade empreenditorial de cada indivíduo. E estão
criando uma revolução que está vindo de baixo. Com a sua autenticidade, cada nômade
digital mostra que é possível ter liberdade de tempo, dinheiro, local, modo de
vestir entre outras coisas. E isso encoraja outras pessoas a tomar a mesma
direção.
A criatividade está mais em
colocar o seu jeito pessoal de fazer algo que já é feito ou melhorar algo que
já existe. Não é uma exclusividade para artistas ou gênios. É uma abertura
mental que nos permite desabrochar a nossa inventividade. É ser capaz e ter a
coragem de colocar a cara à tapa. De pôr na mesa a própria unicidade.
Por Melissa Samrsla Brendler
Psicóloga - CRP 07/13831
Atende em Porto Alegre/RS
(Texto adaptado para o Programa Psicodrops da Rádio Mutante, do original “A idéia indígena de trabalho reflete o principal valor nômade digital” por Isa Gama, publicado em 22 de abril de 2016, no site Jardim do Mundo -www.jardimdomundo.com)
Psicóloga - CRP 07/13831
Atende em Porto Alegre/RS
(Texto adaptado para o Programa Psicodrops da Rádio Mutante, do original “A idéia indígena de trabalho reflete o principal valor nômade digital” por Isa Gama, publicado em 22 de abril de 2016, no site Jardim do Mundo -www.jardimdomundo.com)
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