Carl Gustav Jung é conhecido como um dos maiores
psicólogos do século XX. Foi um dos autores que mais estudou a personalidade
humana, interessado e preocupado com as relações do homem com o mundo externo e
com a comunicação entre as pessoas. Uma das suas contribuições mais
fundamentais nesse sentido, fruto de mais de 20 anos de observação no exercício
da Medicina Psiquiátrica e da Psicologia Prática, foi o entendimento da
tipologia humana.
Muito
provavelmente você já deve ter usado em seu vocabulário, as expressões
extrovertido ou introvertido para se referir a alguém. Mas você sabe realmente o que é ser um introvertido ou
um extrovertido?
Segundo Jung, nós podemos nos expressar e reagir às
circunstâncias através desses dois tipos de atitude. Nós podemos estar mais
interessados e focar nossa atenção no mundo objetivo, dos fatos e das pessoas,
naquilo que se encontra fora de nós (extroversão). Ou podemos estar mais
interessados e focar nossa atenção no mundo subjetivo, nosso mundo interno,
aquilo que existe dentro de nós (introversão). Cada disposição é fruto da nossa
adaptação natural no modo de se relacionar com o mundo, semelhante à
preferência pelo uso da mão direita ou da mão esquerda.
A introversão e a extroversão são duas atitudes naturais
e antagônicas entre si. Uma é o oposto da outra. Enquanto o introvertido
encarrega-se da reflexão, o extrovertido encarrega-se da iniciativa e da ação
prática. Por exemplo, o introvertido é aquela pessoa que fica mais quieta, “na
dela” e que muitas vezes é rotulada como tímida. Ela parece uma pessoa “aérea”
e com os pensamentos sempre longe. O introvertido prefere ficar sozinho, ou
então ficar com as pessoas que ele realmente conhece e tem intimidade. Se ele
for fazer uma festa, vai ser no máximo com seus amigos mais próximos. O
introvertido é discreto, não demonstra reação em determinadas situações e pensa
muito antes de falar. Normalmente tem facilidade para se expressar no campo da
escrita. Para ele vale muito mais o que sente diante das situações, do que as
situações em si.
Os extrovertidos, ao contrário. Preferem uma
festa com muitas pessoas, pois gostam de estar na multidão. São impulsivos e
tendem primeiro a agir para depois pensar sobre o fato. São extremamente
comunicativos, sociáveis e com facilidade de se expressar oralmente. Vão
confiantes ao encontro das pessoas e das situações e tem mais facilidade de se
adaptar às condições externas do que o introvertido. O mundo externo é o eixo
norteador dos acontecimentos da sua vida, e ele não costuma dar muito valor ao
seu mundo interno. O que importa é o que está acontecendo lá fora e ele vive de
acordo com os padrões e exigências dessa realidade. O extrovertido necessita do
mundo exterior para se auto-expressar, para se sentir vivo.
Normalmente, as circunstâncias externas e o
nosso estado interior nos encorajam a funcionar de um jeito ou de outro e
aquele que prevalece, define o nosso tipo. Porém, nós não somos destinados a
manter a mesma atitude durante toda a nossa existência. Pelo contrário,
introversão e extroversão podem trocar de lugar vez ou outra, até porque elas
se compensam. É o que acontece, por exemplo, na chamada crise da meia-idade, na qual é comum vermos pessoas que eram muito
introvertidas ficarem mais extrovertidas e vice-versa.
Nesse sentido, ninguém
é totalmente introvertido ou totalmente extrovertido. Embora possamos estar
mais inclinados a viver nossa vida consciente como um introvertido ou um
extrovertido, nossa mente inconsciente tem a tendência a virar para o lado oposto.
De vez em quando, essa atitude inconsciente pode abrir caminho e compensar a
nossa unilateralidade. Do contrário, nenhum de nós conseguiria enfrentar as
constantes e mutáveis experiências da vida e viveríamos debaixo de uma
insuportável tensão mental.
Psicóloga - CRP 07/13831
Atende em Porto Alegre/RS
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