Muitas vezes achamos difícil entender a nós mesmos, mas com muita
facilidade saímos por aí a decifrar, julgar e falar mal das experiências e
sentimentos dos outros. Por outro lado, todos nós já nos sentimos feridos pelas
críticas e julgamentos alheios, em algum momento da nossa vida.
O hábito de falar mal dos outros é tão normal que na maioria das
vezes não paramos para pensar o quanto essa atitude pode prejudicar a vida das
pessoas, não só daquele que é criticado, mas também daquele que critica e
daquele que ouve passivamente as críticas.
No entanto, se pararmos para pensar e observar mais
cuidadosamente, veremos que muito daquilo que as pessoas pensam e falam de nós
ou dos outros a nossa volta reflete muito mais uma realidade interna da própria
pessoa que critica do que daquela que é criticada. De forma geral, essas
pessoas não estão bem. Estão infelizes com algum aspecto de suas vidas, se
sentem inseguras em relação à si mesmas ou às suas escolhas, ou estão com algum
problema de autoestima. Assim, projetam suas dificuldades emocionais sobre os
outros para se sentirem aliviadas. Falar mal de alguém disfarça e tira o foco
dos nossos próprios defeitos e atitudes condenáveis que agora passam a
pertencer ao outro.
Essa é uma regra simples e básica no que se refere aos fenômenos
psicológicos. O inconsciente de uma pessoa, ou seja, a sua sombra, aquilo que
ela não vê em si mesma, passa a censurar no outro. Para o Jung, “isso tem
uma validade geral tão impressionante, que seria bom se todos, antes de
criticar os outros, se sentassem e ponderassem cuidadosamente se a carapuça que
querem enfiar na cabeça de alguém não é aquela que se ajusta perfeitamente a
eles”.
É importante termos a consciência disso, para não deixarmos mais
que a opinião dos outros influencie de forma negativa as nossas escolhas e o
nosso dia-a-dia. Por outro lado, também é preciso um esforço de nossa parte no
sentido de desenvolver a nossa própria consciência. A consciência sobre quem de
fato nós somos: nossas capacidades, dificuldades, nossos valores e convicções.
A chave para conseguir isso, claro, é o autoconhecimento, o investimento em si
próprio.
Quando não nos conhecemos de verdade, nos sentimos inseguros em
relação a quem somos, ao que acreditamos ou às escolhas que fazemos e assim, as
críticas e opiniões dos outros passam a ter um peso muito grande na nossa vida.
É claro que, em certa medida, nós podemos considerar e ponderar o que o outro
tem a dizer. Mas, se passarmos a viver de acordo com o que os outros pensam ou
falam de nós, vamos perder nossa identidade, negar nossa personalidade e nossa
história, que é única e excepcional. Perderemos muito tempo e energia usando
máscaras (ou personas) que só vão refletir no espelho nossa insegurança, nossa
falta de autoestima e autoconhecimento.
Existe uma pequena história que reflete muito bem o problema de
levarmos demais em consideração as críticas e julgamentos alheios. Certa vez,
um homem e sua esposa estavam viajando com o seu burro. Ao passarem por uma
cidade vizinha foram duramente criticados:
“- Que crueldade! Dois a andar sobre um pobre burro!”. Gritou um
rapaz.
A mulher prontamente desceu do burro e pôs-se a caminhar ao lado
dos dois.
Na próxima cidade, passaram por dois amigos que estavam
conversando. Logo vieram as críticas:
“- Egoísta! Deixa a esposa caminhar a pé enquanto ele vai no
burro.” Disse um deles.
O marido decide então descer do burro e dar o seu lugar para a
esposa. E eles seguem seu caminho. Mais adiante passaram por duas senhoras que
estavam conversando. Uma delas retrucou:
“- Que cara estúpido! Vai a pé enquanto a mulher vai
folgada no burro!”
A mulher, já cansada de tantas críticas, desce e passa a caminhar
com o marido ao lado do burro.
Enfim, chegam ao seu destino, e lá encontram o prefeito que diz:
“- Povo Ignorante! Andam a pé e nem sabem montar em um burro!”
Ou seja, é impossível agradar todo mundo. Quando tentamos fazer isso,
esquecemos o mais importante, que é agradar a gente mesmo e fazer aquilo que é
melhor e mais adequado pra nós naquele momento!
Não importa o que você faça, sempre haverá alguém que interpretará
seus atos de forma errada e projetará sobre você suas dificuldades pessoais.
Então, procure viver de acordo com sua verdade, seus sentimentos e seus
valores, pois sempre estará fazendo aquilo que é certo pra você!
Afinal, nós não temos que
justificar nosso direito de existir. A melhor estratégia é sempre defender o
direito de ser quem somos, sem vergonha e sem pedir desculpas pelos nossos
próprios sentimentos e experiências.
Por Melissa Samrsla Brendler
Psicóloga - CRP 07/13831
Atende em Porto Alegre/RS
Psicóloga - CRP 07/13831
Atende em Porto Alegre/RS
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