domingo, 2 de outubro de 2016

O Problema de Tentar Agradar Todo Mundo





Muitas vezes achamos difícil entender a nós mesmos, mas com muita facilidade saímos por aí a decifrar, julgar e falar mal das experiências e sentimentos dos outros. Por outro lado, todos nós já nos sentimos feridos pelas críticas e julgamentos alheios, em algum momento da nossa vida.

O hábito de falar mal dos outros é tão normal que na maioria das vezes não paramos para pensar o quanto essa atitude pode prejudicar a vida das pessoas, não só daquele que é criticado, mas também daquele que critica e daquele que ouve passivamente as críticas.

No entanto, se pararmos para pensar e observar mais cuidadosamente, veremos que muito daquilo que as pessoas pensam e falam de nós ou dos outros a nossa volta reflete muito mais uma realidade interna da própria pessoa que critica do que daquela que é criticada. De forma geral, essas pessoas não estão bem. Estão infelizes com algum aspecto de suas vidas, se sentem inseguras em relação à si mesmas ou às suas escolhas, ou estão com algum problema de autoestima. Assim, projetam suas dificuldades emocionais sobre os outros para se sentirem aliviadas. Falar mal de alguém disfarça e tira o foco dos nossos próprios defeitos e atitudes condenáveis que agora passam a pertencer ao outro.

Essa é uma regra simples e básica no que se refere aos fenômenos psicológicos. O inconsciente de uma pessoa, ou seja, a sua sombra, aquilo que ela não vê em si mesma, passa a censurar no outro. Para o Jung, “isso tem uma validade geral tão impressionante, que seria bom se todos, antes de criticar os outros, se sentassem e ponderassem cuidadosamente se a carapuça que querem enfiar na cabeça de alguém não é aquela que se ajusta perfeitamente a eles”.

É importante termos a consciência disso, para não deixarmos mais que a opinião dos outros influencie de forma negativa as nossas escolhas e o nosso dia-a-dia. Por outro lado, também é preciso um esforço de nossa parte no sentido de desenvolver a nossa própria consciência. A consciência sobre quem de fato nós somos: nossas capacidades, dificuldades, nossos valores e convicções. A chave para conseguir isso, claro, é o autoconhecimento, o investimento em si próprio.

Quando não nos conhecemos de verdade, nos sentimos inseguros em relação a quem somos, ao que acreditamos ou às escolhas que fazemos e assim, as críticas e opiniões dos outros passam a ter um peso muito grande na nossa vida. É claro que, em certa medida, nós podemos considerar e ponderar o que o outro tem a dizer. Mas, se passarmos a viver de acordo com o que os outros pensam ou falam de nós, vamos perder nossa identidade, negar nossa personalidade e nossa história, que é única e excepcional. Perderemos muito tempo e energia usando máscaras (ou personas) que só vão refletir no espelho nossa insegurança, nossa falta de autoestima e autoconhecimento.

Existe uma pequena história que reflete muito bem o problema de levarmos demais em consideração as críticas e julgamentos alheios. Certa vez, um homem e sua esposa estavam viajando com o seu burro. Ao passarem por uma cidade vizinha foram duramente criticados:


“- Que crueldade! Dois a andar sobre um pobre burro!”. Gritou um rapaz.
A mulher prontamente desceu do burro e pôs-se a caminhar ao lado dos dois.
Na próxima cidade, passaram por dois amigos que estavam conversando. Logo vieram as críticas:
“- Egoísta! Deixa a esposa caminhar a pé enquanto ele vai no burro.” Disse um deles.
O marido decide então descer do burro e dar o seu lugar para a esposa. E eles seguem seu caminho. Mais adiante passaram por duas senhoras que estavam conversando. Uma delas retrucou:
“- Que cara estúpido! Vai a pé enquanto a mulher vai folgada no burro!”
A mulher, já cansada de tantas críticas, desce e passa a caminhar com o marido ao lado do burro.
Enfim, chegam ao seu destino, e lá encontram o prefeito que diz:
“- Povo Ignorante! Andam a pé e nem sabem montar em um burro!”


Ou seja, é impossível agradar todo mundo. Quando tentamos fazer isso, esquecemos o mais importante, que é agradar a gente mesmo e fazer aquilo que é melhor e mais adequado pra nós naquele momento!

Não importa o que você faça, sempre haverá alguém que interpretará seus atos de forma errada e projetará sobre você suas dificuldades pessoais. Então, procure viver de acordo com sua verdade, seus sentimentos e seus valores, pois sempre estará fazendo aquilo que é certo pra você!

Afinal, nós não temos que justificar nosso direito de existir. A melhor estratégia é sempre defender o direito de ser quem somos, sem vergonha e sem pedir desculpas pelos nossos próprios sentimentos e experiências.




Por Melissa Samrsla Brendler
Psicóloga - CRP 07/13831
Atende em Porto Alegre/RS







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