“Há um tempo em que é preciso
abandoar as roupas usadas, que já têm a forma do corpo, e esquecer os nossos
caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: se
não ousarmos faze-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos”.
(Fernando
Teixeira de Andrade)
No
desenvolvimento da consciência, o ser humano precisou criar algumas
características básicas para a adaptação social em contraste com seus instintos
animalescos. Jung usou o termo Persona para esta forma de adaptação. A
palavra vem do teatro grego, onde cada ator utilizava uma máscara para
representar seu personagem. A palavra personagem surgiu da palavra persona.
A
Persona é como se fosse uma máscara ou fachada que exibimos para facilitar
nossa comunicação com o mundo externo, e assim, sermos aceitos por determinados
grupos do qual fazemos parte, pela sociedade em que vivemos e também para que
possamos cumprir com os papéis a nós exigidos. Dependemos dela nos nossos
relacionamentos, no trabalho, na roda de amigos e na convivência em geral.
De forma positiva, a Persona auxilia na convivência em sociedade e
transmite uma sensação de segurança, já que cada um age dentro daquilo que é
esperado. Por exemplo, existe um consenso na forma como um médico deve agir, ou
também um professor ou um policial, entre outros.
A Persona também
serve como proteção em relação às nossas características, desejos, pensamentos
ou sentimentos internos que não serão bem vistos pelos outros e que, portanto,
precisamos esconder.
Porém, pode
ocorrer (e não raro acontece) de nos identificarmos a tal ponto com nossas
Personas, que acabamos nos afastando de nossa verdadeira natureza. Por exemplo,
aqui no Psicodrops eu sou psicóloga, mas eu sou muito mais do que isso. Em
outros ambientes eu sou mãe, esposa, filha, aluna e assim por diante. Quando
somos possuídos, por assim dizer, por nossas Personas a ponto de ficarmos
totalmente identificados com elas, nos tornamos pessoas difíceis de conviver,
somos rígidos e passamos a exigir que os outros se comportem assim, ou de
acordo com aquela nossa Persona em ação.
Não termos Persona nenhuma é tão negativo quanto termos em excesso. Ninguém fala tudo o que sente e pensa, ninguém faz tudo que der vontade, pois há um limite, um respeito com o próximo, uma ética, mas isso não pode nos levar a esquecer de quem somos verdadeiramente.
Não termos Persona nenhuma é tão negativo quanto termos em excesso. Ninguém fala tudo o que sente e pensa, ninguém faz tudo que der vontade, pois há um limite, um respeito com o próximo, uma ética, mas isso não pode nos levar a esquecer de quem somos verdadeiramente.
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