sábado, 19 de dezembro de 2015

Desenvolvendo a Espiritualidade Genuína





Atualmente existem muitas maneiras de participar de práticas espirituais. No entanto, o percurso correto no desenvolvimento espiritual genuíno é um processo muito sutil. Existem numerosos desvios, obstáculos e preconceitos que nos levam a uma distorção egocentrada da espiritualidade: podemos nos iludir imaginando que estamos nos desenvolvendo espiritualmente, quando, na verdade, estamos apenas reforçando nosso egocentrismo por meio das técnicas espirituais.

Sempre precisamos parar para questionar a natureza de nossa busca. Muitas pessoas realizam práticas espirituais, como meditação, Yoga, círculos de masculino/feminino, retiros, imersões, leitura e reflexão ou usar ferramentas, como cristais, tarô, entre outros, na intenção de que ao usar estas ferramentas estarão trilhando o caminho espiritual. Os ensinamentos e as práticas são tratados como algo externo, uma filosofia que procuram copiar no sentido de suprir o vazio que sentem em seu interior.

É importante lembrar que a espiritualidade não está nas ferramentas e nem nos métodos, mas dentro de nós. O desenvolvimento da espiritualidade genuína começa, sobretudo, pelo autoconhecimento e pelo autocuidado. Começa pela capacidade de sermos gentis e pacientes com nós mesmos e de prestarmos atenção aos aspectos internos que precisam ser curados e transformados.

Nesse sentido, muitas pessoas buscam um alinhamento com a Verdade e procuram na espiritualidade uma maneira de se separar de mentiras, equívocos ou percepções que limitam sua felicidade e sua saúde. No entanto, muitas vezes somos desonestos sobre nossas necessidades emocionais e psicológicas.  Para experimentar e incorporar a verdadeira espiritualidade, temos que ser totalmente honestos com nós mesmos, sobre onde estamos, o que sentimos, o que precisamos e o que acreditamos. Precisamos encontrar e afirmar a nossa verdade, antes de qualquer outra coisa.

Muitas pessoas também buscam desenvolver a espiritualidade como forma de obterem mais paz e tranqüilidade internas, como se estes estados fossem apenas alcançados e vivenciados dentro de nós. Porém, nossos hábitos e ações afetam outras pessoas, outros seres e todo o planeta. É importante termos consciência de que muitos hábitos que seguimos e aceitamos não são pacíficos, mas violentos. Viver em paz requer criar efetivamente um mundo de paz, através da mudança ativa das nossas atitudes, dos nossos hábitos. Precisamos refletir, a todo momento, se nossas escolhas estão contribuindo para fazer do mundo um lugar melhor ou pior para se viver.

Nesse sentido, o principal obstáculo que nos impede de criar uma vida melhor, de sermos pessoas melhores e de fazermos do mundo um lugar melhor para se viver é o medo. O medo da mudança, o medo do julgamento alheio, o medo de não conseguir, entre outros tantos medos. O medo faz parte de todo e qualquer processo de transformação, pois o ego quer segurança e luta para manter um senso de eu sólido e contínuo. Assim, não devemos permitir ser limitados ou controlados pelo nosso ego ou por nossos medos. Precisamos aceita-los e enfrenta-los, pois “tudo aquilo que queremos está do outro lado do medo” (Jack Canfield). 

O caminho para a espiritualidade genuína também passa por libertar a nossa imaginação. Todos nós possuímos uma imaginação viva, colorida, fantástica e poderosa que foi sendo reprimida ao longo dos anos devido à pressão para nos adaptarmos e nos conformarmos com um mundo doente. A imaginação é a base da criatividade. Nada mais saudável, portanto, do que ter uma imaginação livre, que nos permite sonhar e criar uma vida mais plena de significado. Precisamos deixar que a nossa imaginação nos leve a novos lugares ainda não explorados, tanto fora quanto dentro de nós mesmos.

Por fim, a ideia de que o caminho para o desenvolvimento da espiritualidade tem que ser rígido, difícil, rigoroso ou chato não é verdade. A espiritualidade genuína é libertadora, pois pressupõe que sejamos nós mesmos. Precisamos lembrar que todos os gurus, professores, ferramentas e práticas espirituais servem para agregar valor ao nosso crescimento, mas a chave para a verdadeira transformação está dentro de nós. E esta transformação pode acontecer, inclusive, bem distante daquilo que é tradicionalmente oferecido como sendo "O" caminho.




Por Melissa Samrsla Brendler
Psicóloga - CRP 07/13831
Atende em Porto Alegre/RS





Referências: 
JANUS, Erin. 5 Aspectos Importantes da Verdadeira Espiritualidade. Disponível em despertarcoletivo.com/5-aspectos-importantes-da-verdadeira-espiritualidade/
TRUNGPA, Chogyam. Além do Materialismo Espiritual. 2AB Editora, 2016.


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