Atualmente existem muitas
maneiras de participar de práticas espirituais. No entanto, o percurso correto
no desenvolvimento espiritual genuíno é um processo muito sutil. Existem
numerosos desvios, obstáculos e preconceitos que nos levam a uma distorção
egocentrada da espiritualidade: podemos nos iludir imaginando que estamos nos desenvolvendo espiritualmente, quando, na verdade, estamos apenas reforçando
nosso egocentrismo por meio das técnicas espirituais.
Sempre precisamos parar para
questionar a natureza de nossa busca. Muitas pessoas realizam práticas espirituais,
como meditação, Yoga, círculos de masculino/feminino, retiros, imersões, leitura e reflexão ou usar
ferramentas, como cristais, tarô, entre outros, na intenção de que ao usar estas
ferramentas estarão trilhando o caminho espiritual. Os ensinamentos e as
práticas são tratados como algo externo, uma filosofia que procuram copiar no
sentido de suprir o vazio que sentem em seu interior.
É importante lembrar que a
espiritualidade não está nas ferramentas e nem nos métodos, mas dentro de nós.
O desenvolvimento da espiritualidade genuína começa, sobretudo, pelo
autoconhecimento e pelo autocuidado. Começa pela capacidade de sermos gentis e
pacientes com nós mesmos e de prestarmos atenção aos aspectos internos que
precisam ser curados e transformados.
Nesse sentido, muitas pessoas
buscam um alinhamento com a Verdade e procuram na espiritualidade uma maneira
de se separar de mentiras, equívocos ou percepções que limitam sua felicidade e
sua saúde. No entanto, muitas vezes somos desonestos sobre nossas necessidades
emocionais e psicológicas. Para
experimentar e incorporar a verdadeira espiritualidade, temos que ser
totalmente honestos com nós mesmos, sobre onde estamos, o que sentimos, o que precisamos
e o que acreditamos. Precisamos encontrar e afirmar a nossa verdade,
antes de qualquer outra coisa.
Muitas pessoas também buscam desenvolver a espiritualidade como forma de obterem mais paz e tranqüilidade internas, como
se estes estados fossem apenas alcançados e vivenciados dentro de nós. Porém,
nossos hábitos e ações afetam outras pessoas, outros seres e todo o planeta.
É importante termos consciência de que muitos hábitos que seguimos e aceitamos
não são pacíficos, mas violentos. Viver em paz requer criar efetivamente um
mundo de paz, através da mudança ativa das nossas atitudes, dos nossos hábitos. Precisamos refletir,
a todo momento, se nossas escolhas estão contribuindo para fazer do mundo um
lugar melhor ou pior para se viver.
Nesse sentido, o principal
obstáculo que nos impede de criar uma vida melhor, de sermos pessoas melhores e
de fazermos do mundo um lugar melhor para se viver é o medo. O medo da mudança,
o medo do julgamento alheio, o medo de não conseguir, entre outros tantos
medos. O medo faz parte de todo e qualquer processo de transformação, pois o
ego quer segurança e luta para manter um senso de eu sólido e contínuo. Assim,
não devemos permitir ser limitados ou controlados pelo nosso ego ou por nossos medos. Precisamos aceita-los e enfrenta-los, pois “tudo
aquilo que queremos está do outro lado do medo” (Jack Canfield).
O caminho para a
espiritualidade genuína também passa por libertar a nossa imaginação. Todos nós
possuímos uma imaginação viva, colorida, fantástica e poderosa que foi sendo
reprimida ao longo dos anos devido à pressão para nos adaptarmos e nos
conformarmos com um mundo doente. A imaginação é a base da criatividade. Nada mais saudável, portanto, do que ter uma
imaginação livre, que nos permite sonhar e criar uma vida mais plena de
significado. Precisamos deixar que a nossa imaginação nos leve a novos lugares
ainda não explorados, tanto fora quanto dentro de nós mesmos.
Por fim, a ideia de que o
caminho para o desenvolvimento da espiritualidade tem que ser rígido, difícil,
rigoroso ou chato não é verdade. A espiritualidade genuína é libertadora, pois
pressupõe que sejamos nós mesmos. Precisamos lembrar que todos os gurus,
professores, ferramentas e práticas espirituais servem para agregar valor ao
nosso crescimento, mas a chave para a verdadeira transformação está dentro de
nós. E esta transformação pode acontecer, inclusive, bem distante daquilo que é tradicionalmente oferecido como sendo "O" caminho.
Por Melissa Samrsla Brendler
Psicóloga - CRP 07/13831
Atende em Porto Alegre/RS
Psicóloga - CRP 07/13831
Atende em Porto Alegre/RS
Referências:
JANUS, Erin. 5 Aspectos Importantes da Verdadeira Espiritualidade. Disponível em despertarcoletivo.com/5-aspectos-importantes-da-verdadeira-espiritualidade/
JANUS, Erin. 5 Aspectos Importantes da Verdadeira Espiritualidade. Disponível em despertarcoletivo.com/5-aspectos-importantes-da-verdadeira-espiritualidade/
TRUNGPA, Chogyam. Além do Materialismo Espiritual. 2AB Editora, 2016.
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