O Mito do Andrógino
"Enquanto
não superarmos a ânsia do amor sem limites,
não podemos crescer emocionalmente.
Enquanto não atravessarmos a dor de nossa própria solidão,
continuaremos a nos
buscar em outras metades.
Para viver a dois, antes, é necessário ser um."
— Fernando Pessoa
Conta-nos o mito que no inicio o homem e a
mulher eram um só no mesmo corpo e possuíam qualidades extraordinárias. Platão
nos narra o mito sobre os seres primordiais que eram redondos, possuíam quatro
pernas e quatro braços e uma cabeça com duas faces, cada uma olhando para um
lado. Esse ser esférico possuía tal poder e inteligência que despertou o medo e
a inveja dos deuses. E eles foram cortados em dois para que o seu poder fosse
diminuído. O ser Andrógino original foi cortado em duas metades, uma feminina e
outra masculina. E até hoje as duas partes procuram se reunir.
O símbolo do Andrógino adquire uma
importância muito grande neste momento em que o homem e a mulher passam por um
processo de transformação. O andrógino é o símbolo adequado para a compreensão
da necessidade que o ser humano tem de viver de forma mais harmoniosa e mais
total. As crises nos relacionamentos nada mais são do que o reflexo da crise em
que se encontra o próprio ser humano.
O equilíbrio depende deste casamento interno
entre masculino e feminino, que são a representação simbólica de todos os
opostos que constituem a vida. Quando pudermos viver o símbolo do Andrógino
dentro de nós, a relação entre o homem e a mulher será mais rica e criativa.
Quando o sol permitir que a lua também mostre o seu brilho, que tem uma
dimensão diferente da sua, haverá o encontro tão esperado.
Ser um homem feminino
não fere o meu lado masculino
se Deus é menina e menino
sou masculino e feminino
Olhei tudo que aprendi
e um belo dia eu vi
Que ser um homem feminino
não fere o meu lado masculino
Vou assim, todo o tempo
vivendo e aprendendo
e vem de lá
o meu sentimento de ser
meu coração
mensageiro vem me dizer
(Masculino e Feminino - Pepeu Gomes)
Por Melissa S. Brendler
Ref: Cavalcanti, Raissa. O Casamento do Sol com a
Lua. Cultrix: São Paulo,1990.
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