O Homem, a Mulher e o resgate do Princípio Feminino.
O homem e a
mulher são regidos por princípios internos diferentes. Jung ensinou que a
mulher é feminina na sua consciência e masculina no seu inconsciente, enquanto
o homem é masculino na sua consciência e feminino no seu inconsciente. Anima seria nome do componente feminino
numa personalidade de homem e Animus o nome do componente masculino numa
personalidade de mulher. Eles personificam a minoria de genes femininos ou
masculinos existentes dentro de nós. O ego, na sua evolução psicológica
habitual, identifica-se com a qualidade masculina ou feminina do corpo e,
assim, a outra parte se transforma numa função inconsciente. O reconhecimento
desses dois princípios básicos que regem o interior do psiquismo humano é necessário
para que possa haver a diferenciação e o encontro criativo com o outro.
No entanto, a orientação da cultura do
Ocidente tomou uma direção exacerbadamente masculina, em desfavor do princípio
feminino. É, antes de tudo, o feminino que precisa ser resgatado como elemento
necessário para o melhor equilíbrio na vivência psíquica do homem e da mulher.
O diálogo entre o Sol e a Lua precisa existir dentro de cada um para uma
percepção mais rica da realidade. A unilateralidade nos enrijece e sempre traz
prejuízo para a nossa compreensão da realidade.
Tanto o homem como a mulher perderam contato
com o princípio feminino. Para o homem este fato trouxe a unilateralidade da
sua vivência psíquica, que o coloca como um ser em desequilíbrio permanente. A
mulher, na tentativa de adaptação a um mundo com uma consciência estritamente masculina,
procura se assemelhar ao homem, perdendo a sua identidade psíquica mais
profunda.
O reconhecimento do princípio feminino,
portanto, é da máxima importância, tanto para o homem como para a mulher.
Através do diálogo com esse princípio que rege o inconsciente do homem, ele
poderá aprender a se relacionar de forma mais harmoniosa consigo mesmo e com a
mulher. A mulher, reconhecendo o seu direito de viver a sua própria
feminilidade, não precisará mais se identificar com o homem. Ela buscará a sua
identidade em si mesma, e afirmará esta como uma consciência feminina.
A diferenciação e a afirmação do feminino
possibilitará um melhor encontro entre o homem e a mulher. O diálogo interno
entre o masculino e o feminino abre um espaço maior para as relações
interpessoais e para um melhor autoconhecimento.
A Lua precisa ressurgir no céu da nossa alma
para que possa ser realizado o casamento interno. Só com a sua volta do exílio
que o Sol poderá reconhecer a sua mais antiga noiva. O casamento do Sol com a Lua é o evento mais importante que precisa acontecer neste momento. É este fato
que influenciará as mudanças e as transformações em todas as dimensões da vida
humana.
O reaparecimento dos valores femininos,
dentro de uma cultura que reprimiu essa polaridade, tem uma importância muito
grande para o seu equilíbrio psicológico. Para isso, é preciso olhar os valores
lunares com olhos livres de preconceitos, pois até então, a definição da
polaridade feminina tem sido feita segundo a ótica do patriarcado, que a
distorce e a discrimina.
Um dia
Vivi a ilusão de que ser homem bastaria
Que o mundo masculino tudo me daria
Do que eu quisesse ter
Que nada
Minha porção mulher, que até então se resguardara
É a porção melhor que trago em mim agora
É a que me faz viver
(Super-Homem - A Canção
Por Melissa S. Brendler
* Texto especialmente produzido para o Programa Psicodrops, que vai ao ar todas as terças e quintas-feiras, às 19 horas, na Rádio Mutante.
* Texto especialmente produzido para o Programa Psicodrops, que vai ao ar todas as terças e quintas-feiras, às 19 horas, na Rádio Mutante.
Fonte: Cavalcanti, Raissa. O Casamento do Sol com a
Lua. Cultrix: São Paulo,1990.
Nenhum comentário:
Postar um comentário