Muitas vezes achamos difícil entender a nós mesmos,
mas com certa facilidade saímos por aí a decifrar, julgar e falar mal das
experiências e sentimentos dos outros. Por outro lado, quantos de nós já nos
sentimos feridos pelas críticas e julgamentos alheios?
O hábito de falar mal dos outros é tão normal que na
maioria das vezes não paramos para pensar o quanto essa atitude pode prejudicar
a vida das pessoas, não só daquele que é criticado, mas também daquele que
critica e daquele que ouve passivamente a critica sobre os outros.
No entanto, se pararmos para pensar e
observar mais cuidadosamente, veremos que muito daquilo que as pessoas pensam e
falam de nós ou dos outros a nossa volta reflete muito mais uma realidade
interna da própria pessoa que critica do que daquela que é criticada. De forma
geral, essas pessoas estão infelizes consigo mesmas ou com algum aspecto de
suas vidas, são ou estão inseguras em relação à si mesmas e/ou nutrem
sentimentos de baixa autoestima. Assim, projetam suas dificuldades emocionais
sobre os outros para se sentirem aliviadas. Falar mal do outro disfarça e tira
o foco dos nossos próprios defeitos e atitudes condenáveis que agora passam a
pertencer ao outro.
“Não se deve esquecer a seguinte regra: o inconsciente de uma pessoa, isto é, aquilo que alguém não vê em si mesmo, passa a censurar no outro. Isso tem uma validade geral tão impressionante, que seria bom se todos, antes de criticar os outros, se sentassem e ponderassem cuidadosamente se a carapuça que querem enfiar na cabeça do outro não é aquela que se ajusta perfeitamente a eles”.
Carl Gustav Jung
É importante termos a consciência desse
fato, pois ao desenvolvermos esta compreensão, não vamos mais permitir que a
opinião dos outros influencie de forma negativa o nosso dia-a-dia. Para tanto,
também é preciso um esforço de nossa parte no sentido de desenvolver a
consciência sobre quem de fato nós somos, sobre nossas capacidades, nossos
valores e nossas convicções, reforçando e desenvolvendo nossa autoestima e
nossa autoconfiança. A chave para conseguir isso é o autoconhecimento! O
investimento em si próprio.
Quando não nos conhecemos de verdade, nos
sentimos inseguros em relação a quem somos, ao que acreditamos ou às escolhas
que fazemos e assim, as críticas e opiniões alheias passam a ter um peso muito
grande na nossa vida. É claro, que em certa medida, nós podemos considerar e
ponderar o que o outro tem a dizer. Mas, se passarmos a viver de acordo com o
que os outros pensam ou falam de nós vamos perder nossa identidade, negar nossa
personalidade e nossa história, que é única e excepcional. Perderemos muito
tempo e energia usando máscaras que só vão refletir no espelho nossa
insegurança, nossa falta de autoestima e autoconhecimento.
Conta uma história que uma vez um homem e
sua esposa estavam a viajar com o seu burro. Ao passarem por uma cidade vizinha
foram duramente criticados:
“- Que crueldade! Dois a andar sobre um
pobre burro!”. Gritou um rapaz.
A mulher prontamente desceu do burro e
pôs-se a caminhar ao lado dos dois.
Na próxima cidade, passaram por dois amigos
que estavam conversando. Logo vieram as críticas:
“- Egoísta! Deixa a esposa caminhar a pé
enquanto ele vai no burro.” Disse um deles.
O marido decide então descer do burro e dar
o seu lugar para a esposa. Seguem seu caminho. Mais adiante passaram por duas
senhoras que estavam conversando. Uma delas retrucou:
“-
Que cara estúpido! Vai a pé
enquanto a mulher vai folgada no burro!”
A mulher, já cansada de tantas críticas,
desce e passa a caminhar com o marido ao lado do burro. Enfim, chegam ao seu
destino, e lá encontram o prefeito que diz:
“- Povo Ignorante! Andam a pé e nem sabem
montar em um burro!”
Acredito que esta pequena história reflete
muito bem o problema de levarmos demais em consideração as críticas e
julgamentos dos outros. Ao tentarmos agradar todo mundo esquecemos o mais
importante que é tentar agradar a gente mesmo!
Não importa o que você faça, sempre haverá
alguém que interpretará seus atos de forma errada e projetará sobre você suas
dificuldades pessoais. Então, procure viver de acordo com sua verdade, seus
sentimentos e seus valores, pois você sempre estará fazendo aquilo que é certo
pra você!
Nós não temos que justificar nosso direito
de existir. A melhor estratégia é sempre defender o direito de ser quem somos,
sem vergonha e sem pedir desculpas pelos nossos próprios sentimentos e
experiências.
Por Melissa Samrsla Brendler
Psicóloga - CRP 07/13831
Atende em Porto Alegre/RS
Psicóloga - CRP 07/13831
Atende em Porto Alegre/RS
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